O que você acha?
Um prezado amigo perguntou-me: o que você acha da Nota de Repúdio do MD e das Forças Armadas às declarações do Senador Omar Aziz durante a CPI? Breve adendo, tive a honra de servir com um Oficial-General que recomendava não se expressar utilizando o termo “acho” por denotar “puro chute”. Ele sugeria, melhor dizer: penso, acredito, creio ou suponho.
Portanto, penso que a chapa está ficando mais quente para TODAS as instituições e sabe-se muito bem quem taca-lhes pau, pedra e lenha.
Faço um enorme esforço para que minha simpatia incondicional ao EB não entorpeça meu senso crítico. Na caserna temos por balizamento o respeito à livre opinião pessoal, mesmo quando contrária, sem esgarçar, ao senso comum; no entanto, uma vez definida a linha de ação por parte do Comandante, que carrega no ombro o ônus e bônus da decisão, somos TODOS uníssonos.
Não me encontro mais na condição de integrante das Forças Armadas (na reserva, sinto-me mais como um agregado); assim sendo, sou destituído do privilégio de possuir voz audível (mesmo para algo sugerir) ou – muito menos – valer de alguma coisa minha opinião. Esclarecida a insignificância para a instituição do que se passa na minha cabeça, lá vai …
Creio que seja uma lástima as FFAA se deixarem ser diminuídas, diante da tamanha necessidade de assanho junto ao poder. Diferentemente de muitos companheiros, não identifico no PR quaisquer dos valores ou princípios inerentes aos militares, os quais considero estarem sendo úteis como massa de manobra, desse Governo Federal, em troca de benesses (conveniências) ou um fajuto “direita-volver”. Absolutamente mais do mesmo, tem-se um governo subjugado a mesmíssima politicagem de sempre, “sentadinho no colo do Centrão” com direito a poder ficar brincando de “rachadinha”.
Permita-me relatar uma passagem curiosa. No período da intervenção federal no RJ foram destacadas tropas de outras regiões do Brasil para atuar nas favelas. E o tempo de atuação destas tropas não podia ultrapassar 6 (seis) meses. A retórica preponderante e verdadeira era revezar o pessoal, suplantar questões administrativas e prover experiência operacional para tropas dos diversos C Mil A. Mas lá no fundo dos porões, sabe-se que quando se submete a tropa por período mais extenso, apesar de todo o cuidado de conscientização e orientação, sujeita-se os integrantes da tropa em intensidade perigosa a cooptação e aliciamento por parte do tráfico. Sim contaminação, uma chaga que assola a segurança pública.
Destarte o risco da teoria das laranjas podres, respeito todos os militares “embarcados” no Governo, porém acredito que tenha que ser condição indispensável o distanciamento (quis escrever banimento, mas achei forte) do militar da respectiva Força. Há de se bifurcar no espaço temporal e insofismavelmente, agente político (Governo) e carreira militar (Estado). Dentro da Força, a palavra convence, mas o exemplo arrasta: neutralidade política, imparcialidade ideológica, isenção funcional, apartidarismo, profissionalismo e constitucionalidade.
Parafraseando: político (voto e poder) é uma coisa, militar (hierarquia e disciplina) é outra; por conta dos modus operandi incompatíveis, não há como servir ambos propósitos. Sendo claro ao estúpido, onde a estupidez mora na generalização e não por precificar: “o preço de um político é um, o do militar é outro”. Em tempo, é bom sempre destacar em letras garrafais: POLÍTICOS E MILITARES SÃO MEROS ESTRATOS DE NOSSA SOCIEDADE, na qual impera a Lei de Gérson.
Ponderadas as colocações de cunho pessoal e, finalmente, respondendo ao amigo; quanto à nota de repúdio presto o meu apoio equilibrado e sereno. Diante de tanta fumaça, não coloco minha mão no fogo, prefiro esperar o desenrolar dos acontecimentos “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Cautela e moderação … pois sempre há os dois lados da moeda; como dizem as más línguas, a CPI da COVID-19 já nasceu perniciosa. Data venia tendo os senadores Omar Aziz e Renan Calheiros à frente, é de se esperar que estas figuras, como “bons julgadores”, por si julguem os outros.
“Trabalha como se tudo dependesse de ti e confia como se tudo dependesse de Deus.”
– Santo Inácio de Loyola
O Tempo Não Para (Cazuza)
Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não para
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha num palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para
“O artigo constitucional que nos impõe disciplina e hierarquia como bases organizacionais nos aponta um norte nos momentos em que consideramos afrontados os nossos valores. O rumo indicado é o da confiança nos camaradas ocupantes de postos na cadeia de comando, tendo sempre em mente que todos temos a mesma formação ética e moral, a mesma participação no fortalecimento e na sustentação do caráter permanente das instituições militares e a mesma certeza de que só somos fortes quando unidos.” – Autoria do Gen Ex Cardoso: artigo publicado no EBlog, em 15 de março de 2016, e reproduzido na saudação aos Generais promovidos em 2021.