Cegueira ou buraqueira?

Caminho difícil …
Estamos todos sofrendo uma metamorfose ambulante e não adianta colocar um cinto de segurança no casulo. Um tendência interessante é a perda de espontaneidade, estamos “cheios de dedos” (tudo é ofensivo) e não nos permitirmos expressar opinião sincera sobre nada, o que nos faz parecer – mesmo que indignados – mais perdidos que cego em tiroteio na Avenida Brasil.
Diante do completamente imprevisível criam-se barreiras de proteção, cuja estratégia vigente vem sendo tarifas comerciais e quem está determinando a profundidade da “trincheira” – que pode vir a ser a própria cova – é Donald Trump (adepto do “Raulseixismo”). Anota aí, os norte-americanos podem ficar tranquilos que a retaliação, em reciprocidade, será a altura. Ouso dizer que todas estas chacoalhadas ainda são consequências diretas da pandemia que virou – literalmente – o mundo de cabeça pra baixo, bagunçando tudo e desnorteando todos.
Há sempre o grupo do deixa disto, para com isto, nem pense nisto … que acha que é tudo mera conspiração; praticamente, vivendo na Ilha da Fantasia. Incapazes de enxergar os “defeitos” das mudanças climáticas, o barril de pólvora da polarização maniqueísta, a desmoralização de organizações nacionais e internacionais (STF, COAF, ONU, OMC e UE), aviltantes guerras expansionistas que pensávamos ultrapassadas, embrutecimento de sentimentos como compaixão e empatia e, sendo mais sútil, camadas de abstrações que nos confortam por distanciar da dura realidade.
Sobre abstração costumo ironicamente brincar: “não nos prestamos mais para calcular de cabeça o troco no caixa do supermercado [1] (afinal, só pagamos com cartão) mas, em compensação, somos todos empoderados pelo ChatGPT ou DeepSeek“. Não satifeitos em sermos uma economia sustentada por commodities (produto no estado bruto), passamos a ser contumazes consumidores do “conhecimento” processado, mastigado e enlatado; sem necessidade do esforço sequer para degustar. Deixemos esta parte – mais evoluída e sensorial – pros países mais desenvolvidos, só precisamos engolir ultraprocessados [2]. Sabor? Minha mãe dizia: “come logo e fica quieto”. Fazer o quê, né? [3]
Puxo-me, afivelado na posição de motorista na estrada da vida. No assento de condutor, muitas vezes, mesmo sem nos darmos conta, temos que altenar dentre o farol baixo ou farol alto. Se a pista estiver um “tapete” e performer, dê-lhe farolzão alto e voe as tranças; mas caso se apresente esburacada vamos serpenteando, com o farol direcionado um palmo a frente do pneu. Creio que estamos passando por um trecho periclitante e crítico; por isto, mais do que nunca, precisamos de líderes competentes para desviarmos habilidosamente das crateras; cuidando dos trancos e barrancos; e avançando como nação.

Botton na lapela de Trump
Neste cenário desafiador, como nossos mandatários (Executivo, Legislativo e Judiciário) estão se saindo? Acho que tem gente que não tem condições de achar nada. Cegueira ou buraqueira? Talvez, ambas as desgraças. E o que nos resta é irmos levando … assim sendo, não me contento com “cercadinho”, dane-se o “politicamente correto” e vou tateando em busca de um caminho coerente ao momento, na justa medida que me mantenha em movimento e com a consciência limpa.
Registro de provocações nas entrelinhas, mordiscando bem miudinho pra ninguém se zangar:
- [1]
- Os estudantes mal sabem realizar as operações mais básicas (soma e subtração) sem sua órtese cerebral (celular). Já multiplicar e dividir, é sério?! 8×7 => pergunta para Alexia, seu tonto. O pensamento reinante é: não faz sentido aprender a taboada já que dispomos de calculadora científica à mão e por aí vai. Por favor, não me pergunte aonde vamos chegar? Não tenho a menor ideia!
- [2]
- Falam da tal de comida a partir de DNA, que pode ter sabor picanha. Meu caro amigo, bon appétit!
- [3]
- Aliás, já pegou e não largam mais da mania($) de dizer que até “papel carbono” é Inteligência Artificial. A Geni IA, que dá pra qualquer um, vulgarizou e a galera tá correndo para cursinho que ensina: “como fazer as perguntas da maneira certa”. É mole? As pessoas não precisam ter ideia do quanto admiro os avanços da “IA de verdade”, mas hão de concordar que o charlatanismo e atrofia mental estão “fooda”. Não vamos avançar com a IA sendo apenas coadjuvantes; ou seja, meros “usuários” (mercado do ChatGPT) embasbacados pela tecnologia.
“Muito se fala em máquinas frias, sem alma, substituindo os seres humanos, mas e quanto a frieza humana: até que ponto nossa inteligência pode ser artificial e negligenciar o emocional?”
– “Uma coisa é usar as aplicações para melhorar e evoluir o trabalho, outra, é usar sem ter noção nenhuma do que está fazendo. E é justamente isso que estamos vendo aumentar. Depois viram coach…. :P”.
– Em defesa dos bons profissionais: há Coach e “couch”. Boa alfinetada! 🩹
Fonte: Linkedin