De que lado você está?
É interessante, parece que atualmente temos, quase que por obrigação, fazer parte de uma manada estúpida, senso comum irracional, para fazer alguma diferença. Nos meus tempos áureos (juventude), a ordem era encarneirar, um atrás do outro, e seguir a comando, sem questionamento, rumo ao próximo objetivo imediato. E, na posição de instruendo, ia tudo muito bem, dava tudo certo. “Cadete! Ides comandar, aprendei a obedecer”.
Poxa (coisa boa), hoje, estou aliviado da mochila e posso ser dono do meu nariz. De forma nenhuma, isto significa seguir no contra-azimute; mas gente, faz-se necessário aguçar os sentidos e ligar o senso crítico, tanto para valorar as realizações evidentemente positivas quanto enxergar que, sob alguns aspectos, a coisa anda bem mal. O cabra que abre os olhos e não se deixa conduzir é apelidado de “isentão” (já assimilei a conotação). Prefiro assim, diante da alternativa de ser um “zumbi” de seitas, de prontidão pro sacrifício indecoroso. Doença ideológica (fanatismo) é diferente de posição ideológica; portanto, tenho posição mas “zero” cabresto.
Vou contar três causos, bem ligerito, que retratam a questão de ser imparcial ou não.
Era uma vez (sempre quis começar um texto assim) … eu estava “na onça” numa sala de espera do HMAB para ser atendido, o motivo nem me recordo e é o de menos. Outros na espera e a moça da faxina trabalhando. De repente, entra em rede nacional um pronunciamento do, então, presidente Lula. Olha, eu fiquei estupefato com a atitude da faxineira, que se perfilou com o rodo em punho, na frente da televisão, num absoluto hipnotismo e com os olhos a brilhar. Não consegui me ater ao discurso, pois nunca tinha visto tamanha devoção e apreço de um(a) “seguidor(a)”. O mesmo encantamento, canto da sereia, parece que se passa por ocasião das lives do Bolsonaro, tomando por parâmetro as mensagens que rolam na janela à direita da tela. Meu Deus, quanta idolatria cega: glória, amém, aleluia, saravá, shalom, namastê, gasshô, axé, salaam … pelo menos somos laicos e os louvores se alternam. Quanto ao conteúdo, trata-se do mesmo em ambos os casos; há muito cinismo, hipocrisia e meias verdades, tão somente, para se locupletarem politicamente. O que mudou é o público ou, mais especificamente, a casta social da audiência, que se mostra de um estrato da sociedade mais privilegiada (“navegam” e escrevem bem e correto), porém sofrem, igualmente, da mesmíssima hipnose.
Esta segunda situação é diferente, já ouviram falar em CSA (Coordenação de Segurança de Área). Coisa de milico, mas lá estava eu compondo uma equipe que se prestava a garantir o isolamento de um palanque em Sidrolândia – MS, onde o presidente Lula iria discursar. Nunca fui muito adepto daquela criatura, agora menos ainda, mas por conta da missão inerente à profissão (Exército é uma instituição de Estado – não de Governo) cumpri com servidão o papel de barreira humana para apartar o Sr. Presidente da multidão em polvorosa. Diante de outra missão correlata, fosse quem fosse a autoridade, o procedimento seria exatamente o mesmo – fazer o melhor possível.
A última, não posso deixar de aproveitar esta história em quadrinhos para exemplificar, de modo esclarecedor até mesmo ao recruta Zero, por quê política e quartel não se misturam.
Não estou dando ideia, muito pelo contrário, mas digamos que um infeliz sugira como senha BOLSONARO. A contrassenha pode variar desde MITO até ESTÚPIDO, porém independente da palavra contraposta trata-se de transgressão disciplinar grave, se não crime. Colocando desta forma pode parecer brincadeira, mas não é! Aprendizado da caserna: as Forças Armadas devem se manter apartidárias.
Pois então, respondendo ao título, de que lado você está? Digo por mim, “tamo junto”, para cumprir qualquer missão, desde que constitucional e que me pareça (foro íntimo) fazer justiça, garantir a liberdade e promover o progresso; não ferindo meus princípios e valores morais. Sinto muito a quem frustro, mas para não me frustrar, procuro não deixar me taparem os olhos e muito menos me hipnotizar por falas de político de estimação ou pela imprensa raivosa, em pé de guerra com o Governo Federal. Não entro nessa lavagem cerebral; guerra é guerra, com ações e reações destemperadas.
Colocando uma ultimazinha cereja (assopra&morde) para finalizar de bem com a vida: o STF é uma vergonha e tende a piorar, por conta dos novos indicados terem que ser terrivelmente evangélicos. Nada contra seja lá qual for a religião mas, pasmem – pelo amor de Deus -, não pode ser condição sine qua non para ocupação das cadeiras a vagar. Que critério de merda!
Em tempo: 19 de abril, data comemorativa ao Dia do Exército Brasileiro. Braço Forte, Mão Amiga!
“Eu não posso ensinar nada a ninguém, eu só posso fazê-lo pensar.”
– Sócrates