Esticando a corda …
É galera … o jogo democrático anda extremamente “bruto e sujo”, somente cogita-se acusar transgressão quando a voadeira, com os dois pés, atinge do pescoço pra cima. Fala-se muito de se manter a peleia dentro das quatro linhas delimitadas pelas regras pétreas da Carta Magna; mas cá entre nós, o espetáculo estende-se até a arquibancada (redes sociais), onde se desenrolam, por muitas vezes, os lances mais espetaculares.
Esta luta é travada por três vetores (Executivo, Legislativo e Judiciário) a tensionarem, simultaneamente, suas respectivas cordas e, não adianta se iludir, não há harmonia e independência na busca do equilíbrio pelo poder. O princípio básico é o somatório das forças; quando um estica desproporcionalmente o cabo de guerra; por conveniência, os demais estabelecem uma breve aliança para retornar à neutralidade a resultante do poderio. Simplesmente, perfeito; contanto que os poderes estejam comprometidos, insanamente, com a população brasileira. Agora a variável fundamental (“x”) da questão é: qual vetor está provocando o desequilíbrio?
Neste ponto, nem a análise e assistência por parte do VAR (árbitro assistente de vídeo) é capaz de corroborar com o veredito, pois não é a verdade o que se busca. Vejam bem, a “verdade” só está servindo, literalmente, como assento para bunda das autoridades inertes. O que passou a valer no jogo é a capacidade de fazer vibrar o público; cooptando multidões para as manifestações, angariar seguidores, conseguir “likes” em prol de causas e, gran finale, obter a simpatia natural para carrear votos.
É claro, todo político profissional já se deu conta da nova estratégia. Alguns lançaram-se a frente e muitos outros estão se reorientando; para tanto, estão contando com o inescrupuloso Distritão, coligações amplas e inusitadas, irresponsáveis fake news, legendas partidárias a rodo, emendas de relator e vultosos recursos para campanha eleitoral (serão 4 Bi … está ruim, mas “tá bão” pra festa!?) Para não dar muita bandeira, a polêmica do voto impresso é tão somente uma cortina de fumaça para o que interessa passar. Lado positivo: como esta gentalha aprende rápido o que não presta!
Nossa incipiente democracia tem muito a amadurecer e, para tanto, somos obrigados a passar por governos que flertam com o autoritarismo; congressistas que legislam puramente em causa própria; e juízes com evidente ideologia (quase idolatria) partidária, vê se pode? Pode! Quem sabe um dia alcancemos uma forma virtuosa de separação e contrapeso dos poderes do Estado, em que os mandatários se preocupem em uníssono, verdadeiramente, com o bem-estar da sociedade brasileira como um todo; deixando assim de ultrajar nossa pátria amada. Ahhh … não precisa se enrubescer com a figura do caput, pois foi o melhor que encontrei para representar um “cabo de guerra de três pontas”; mas se quiser, fique à vontade para dar margens a sua interpretação artística.
“A capacidade do homem para a justiça faz a democracia possível, mas a inclinação do homem para a injustiça faz a democracia necessária.”
– Reinhold Niebuhr (1892 – 1971), filósofo americano
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