Liberdade & Responsabilidade
Vamos lá, hoje … 7 de setembro de 2021, data patriótica: Dia da Independência do Brasil! A galera lá fora se manifestando e fazendo flamular a bandeira da liberdade. Isto é formidável, contanto que não esqueçam a máxima: “tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade”. É interessante esta frase pois ousa ofuscar a liberdade, em favor da responsabilidade; impondo a necessidade de se estar preparado para lidar com as consequências (direitos e deveres) advindas do maior grau de liberdade.
Quanto somos ávidos por nossos direitos (liberdade)? Quanto somos negligentes com nossos deveres (responsabilidades)? Você é liberto para se responder com sinceridade. Em síntese, seria interessante que todos entendêssemos que a liberdade de cada um anda acorrentada com sua própria responsabilidade.
Se eu soubesse, preferiria desenhar, pois é só colocar a primeira palavra enviesada, que soe mal ao leitor, e surge o desinteresse ou mesmo a repulsa por incongruência de pensamentos. Penso que no desenho seria mais fácil de passar desapercebido um “rabiscão” meio exagerado. Pois então, suavemente, por trás do clamor por liberdade com duas vias; o que temos de “verdade” (sempre relativa) oculto?
Temos um grave problema de governabilidade no país! Tá … nenhuma novidade ou exclusividade, pro lado que girar há do mesmo problema. No entanto, a meu ver, a questão maior está na arte de governar, cujos cargos deveriam ser ocupados por políticos que fossem líderes ponderados, habilidosos para gerar consensos e dispostos a resolver problemas (óbvio, não gerar problemas) para a sociedade. Em face da inabilidade e mediocridade política reinante, conduz-se importantes questões nacionais para o campo de várzea midiático; em que vale tudo e, de quebra, faz acirrar os ânimos.
Outra pauta, apesar de “aborrecente”, nossa Constituição instituiu a doutrina de freios e contrapesos, justo para viabilizar a fiscalização entre os poderes e conter arroubos autoritários. Sinceramente, não consigo contestar a relevância deste mecanismo de equilíbrio de poder, mas foge-me por completo a compreensão da lógica de sua aplicação. Os mandatários e magistrados passam-nos a ideia de que é a inimizade – não o diálogo – que sustenta a manutenção do nosso estado democrático de direito. Quem xingará mais alto? Leva a mal não, mas tem autoridade que realmente não tem tirocínio e nem hombridade para um diálogo.
Vamos a última “gaivota”, atitudes comportamentais. Não vou me aprofundar neste tópico pois seria impossível não ser deselegante, apenas destacarei o que vejo como traço marcante da personalidade presidencial: sua capacidade de ser manipulador de massas, preferivelmente, que sejam “seguidores” armados e raivosos. E, vice-versa, a autoridade deixa-se inebriar pela minoria fanatizada ou pelo “cercadinho” da bajulação. Presta atenção (foi mal, segue “rabiscão”), não vale dizer que não sabia; o velho e sábio RDE, bem como as demonstrações de respeito, cordialidade e consideração nunca foram o forte do “capitão” e a sua brincadeira preferida é “dar o tapa e esconder a mão”!
Fechando a reserva de armamento! Sem competência para governar, sem habilidade de diálogo e com perfil manipulador; obviamente, faz-se mister lançar mão do utópico apoio popular para franquear o direito de fazer o que lhe der na telha e, ainda, se eximir das responsabilidades inerentes ao cargo, pensando se esgueirar atrás da desculpa que todo poder (“eu autorizo presidente”) emana do povo. Este “talonário de cheques em branco já assinados” parece muito temerário, pois não há fundo.
Diante do caos, cada um deve escolher como agir e de que modo fazer alguma diferença. Dito tudo que disse, mantenho minha opinião de que o STF é uma vergonha, apesar de longe de ser esta a razão do Brasil constar como um “pária” no cenário internacional. Interpretação pessoal: o manifesto pró-governo deste “7 de setembro” é uma explícita afronta valendo-se da estratégia de dissuasão (intimidação pela força, melhor que o desfile dos “fumacês”); numa versão equivocadamente “transvestida” de democracia. Na prática, a Democracia só fala alto e grosso por intermédio da “boca” (resultado) da urna. Sim … o manifesto poderia até valer como ultimato, mas não sei definir: pra quem?
Em tempo: caso eu fosse às ruas, grato a Deus … levaria a bandeira de respeito e condolências aos enlutados da Pátria.
“Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade”.
– Victor Hugo
O Ministro Luís Roberto Barroso – Presidente do TSE – fez pronunciamento em que rebateu ataques de Bolsonaro contra o tribunal e as urnas eletrônicas durante atos no 7 de Setembro.
Palavras conclusivas:
“1. Insulto não é argumento. Ofensa não é coragem. A incivilidade é uma derrota do espírito. A falta de compostura nos envergonha perante o mundo. A marca Brasil sofre, nesse momento, uma desvalorização global. Somos vítimas de chacota e de desprezo mundial.
2. Um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que a alta do dólar, do que a queda da bolsa, do que o desmatamento da Amazônia, do que o número de mortos pela pandemia, do que a fuga de cérebros e de investimentos. Mas, pior que tudo, nos diminui perante nós mesmos. Não podemos permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral que estamos vivendo.
3. A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. O que nos une na diferença é o respeito à Constituição, aos valores comuns que compartilhamos e que estão nela inscritos. A democracia só não tem lugar para quem pretenda destruí-la.
Þ Com a bênção de Deus – o Deus do bem, do amor e do respeito ao próximo – e a proteção das instituições, um Presidente eleito democraticamente pelo voto popular tomará posse no dia 1º de janeiro de 2023.”
Adoro multidão, por representar massa, magnitude e força de arrasto. Ocorre um estado de êxtase e encantamento, ao se deixar conduzir direcionado pela muvuca humana, aquela sensação de pertencimento ao movimento. Gosto disso e a agitação do “7 de Setembro” foi grande e ordeira! Nessa hora de libertação, certo ou não: fodam-se distanciamento, máscaras e cuidados sanitários.
De uma panorâmica distante, vamos deixar de lado a belezura – gigante e “pacífica” – do movimento (visto pela TV) e focar no seu porta-voz. Infelizmente, aconteceu o previsível desserviço, por conta da inabilidade política, falta de compostura e tacanha sapiência do atual líder de governo. A situação está cada vez mais difícil, enquanto o cara-pálida só se preocupa com o próprio umbigo eleitoral. Absolutamente nada – nadica de nada – que possa corroborar, só atrapalhar, a necessária retomada do desenvolvimento econômico e social.
Por “SORTE” (desde cumplicidade até maior responsabilidade) os demais poderes não baixaram ao mesmo nível do Presidente; mas pra tudo há um limite, que parece muito próximo.