Meu pote, minhas regras

Escorpião ou borboleta?

Vivente … não estranhe minha mania de usar e abusar das parábolas pois elas são como fios condutores da minha linha de pensamento. E a figura felizarda da vez é um “pote”.

Não é possível que um mero acessório de cozinha possa servir de inspiração, mas não se apoquente que há muito mais além da capacidade, forma e cor ao analisá-lo. Aliás, pouco falaremos sobre suas características, focaremos no seu conteúdo – como nós o preenchemos diariamente.

Aí entra o tal do livre-arbítrio. Cada qual pode utilizar o seu pote para colocar aquilo ou quem bem entender. Este pote a que me refiro é zerado toda santa noite e acordamos com ele “virgem”; na verdade, vai ficando meio degastado mas, se Deus quiser, pronto pra próxima jornada.

Agora ficou fácil, mãos à obra. A princípio, há espaço diário tanto para tarefas de rotina quanto novidades. A questão é a dosagem que pode fugir ao nosso comando e controle [1] pessoal. Estamos tão fissurados pela quantidade (“infoxicação”) que andamos nos esquecendo da qualidade, sob os mais amplos aspectos. Sejamos colecionadores de escorpiões ou borboletas ao pote, parece que não temos nos importado com o veneno [2] ou as cores das asas, dos respectivos espécimes. Numa ânsia de preencher o vazio, simplesmente somamos … mais um, mais, mais e segue a aflição desenfreada. É claro, a árdua labuta é louvável mas dissociada de “propósito” pode ser frustrante e sofrida, considerando a curta linha do tempo.

Sério … gosto igual dos escorpiões e das borboletas; aliás, eu diria, dias mais de um ou de outro, a depender da propensão ao sustento ou a contemplação. Os dois juntos, por que não? O fato é que de tanto procurar ocupação, nós mesmos, talvez instintivamente, estamos nos encurralando de afazeres; mesmo quando o momento poderia ser destinado ao convívio, à evolução e ao desfrute.

É bom cuidar, pois dizem que quando encurralado só há duas atitudes, conforme a personalidade e o grau do perigo iminente: atacar (ser feroz) ou fugir (mansidão forçada). “Senhor dai-me paciência, porque se me der força … eu vou precisar de dinheiro pra fiança”.

Tenho mais perguntas que respostas: mesmo de férias (livre, leve e solto) qual é o seu instinto animal dominante? Vixe … se respondeu de bate-pronto, seu nível de ansiedade está nas alturas. Sem moderação e com sabedoria, saborei o banquete (a vida); afinal, o pote é seu ou será você dentro do pote? Respondendo por mim, não sei!? Depende, tudo depende do momento e do que me provoca brilho nos olhos. Eu caçador de mim, em busca de descobrir o que me faz sentir …


Registro de provocações nas entrelinhas, mordiscando bem miudinho pra ninguém se zangar:

[1]
COMANDO E CONTROLE: palavras sujeitas à extinção porém ainda não “cravei” suas sucessoras ou, não sendo tão exterminador, derrancho. Talvez, pelo menos eu, apostaria em CONECTIVIDADE  I3 (interação, interoperabilidade e/ou integração) e ADAPTABILIDADE em movimento. Adaptabilidade é como uma “corda bamba” pois, neste contexto, significa vontade emocional, movimento constante e equilíbrio profissional (ou do negócio). Já as treŝ palavrinhas do I3, reforçam o tripé fundamental: PESSOAS entrelaçadas pela confiança, TECNOLOGIAS com propósito estabelecido e PROCESSOS eficientes e colaborativos.
[2]
Veneno: veneno se associa ao escorpião, tal como remuneração ao trabalho (rotinas, processos e metas). Tá … fique à vontade para contestar que trabalho não tem nada a ver com rotina, a curva de Gauss agradecerá sua posição. Por outro lado, apreciar o levitar da borboleta é o lado prazeroso.

 

“As pessoas educam para a competição e é esse o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz.”   

– Maria Montessori

1 comentário

  1. Mario Câmara em 18 de janeiro de 2024 às 16:32

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